Cultura Coluna do Ernâni
Elas, Sobretudo Elas (8 de Março)
ERNÂNI GETIRANA (@ernanigetirana) é professor, poeta e escritor. É autor de inúmeros livros, dentre eles “Debaixo da Figueira do Meu Avô”. É membro da APLA, ALVAL, UBE-PI e do IHGPI.
08/03/2025 08h00
Por: Gustavo Mesquita

 

A biologia nos ensina que a vida, pelo menos no planeta Terra, surgiu há 3,5 bilhões de anos. Exatamente no instante em que algo que viria a ser uma futura membrana constituiu-se através de milhares de interações entre lipídios, proteína e carboidratos. Foi preciso que esse ‘algo’ se interpusesse entre o lado de fora (hostil) e o lado de dentro (aconchegante) para que a vida brotasse. Surgia, assim, a célula, a menor centelha onde o fenômeno da vida acontece.

Outros milhões de anos se passaram até o surgimento da espécie Homo sapiens sapiens. As fêmeas dessa espécie como que reproduzem o processo daquela célula primordial. Em todas as culturas conhecidas encontramos uma referência a essa fonte primordial vital.

A própria Terra é considerada por povos ameríndios como sendo a ‘grande mãe’. Poderíamos seguir esse caminho e iríamos longe.  Mas nem eu nem os(as) leitor(a)es temos esse tempo. O objetivo é refletirmos sobre o oito de março, dia da mulher.

Muito pode ser dito no dia de hoje e será. Coisas repetidas (tão singelas quanto machistas) à exaustão. Muitos clichês, poemas lacrimosos caindo pelas tabelas para falar das belas e das feras.

Como homem, sou filho de uma, casado com outra, tenho duas filhas e muitas amigas mulheres. Tenho por elas um respeito quase biológico. Como homem sei o quanto seus corpos são possantes e preparados para o aflorar da vida, na amplitude que esse termo possui.

Mas também sei, na mesma medida, de sua capacidade de percepção aguçada, de em décimos de segundos, decidir algo e defendê-lo com unhas (lindamente pintadas) e dentes.

Claro que no sistema capitalista elas foram ocupando espaços antes só ocupados por nós, homens. Tudo mais ou menos começou quando, na primeira (e também na segunda) guerra mundial, pelo fato de os homens terem que sair de casa  para lutar, elas terem que assumirem todas a responsabilidade no lar, seus postos nas fábricas, lavouras, comércio, negócios, etc.

O feminismo tem sua razão de ser, se as mulheres não lutarem por seus direitos, quem o fará? Claro que há exageros como dizer que ‘as mulheres devem odiar os homens’, e bobagens outras de parte a parte.

O que não é bobagem e deve ser duramente atacado e contido a todo custo é o feminicídio. O Brasil fica no 5º lugar nesse tétrico pódio. A maioria das vítimas são negras e jovens, com idade entre 18 e 30 anos.

Fecho com Erasmo Carlos: “Dizem que a mulher é o sexo frágil, mas que mentira absurda”.

ERNÂNI GETIRANA (@ernanigetirana) é professor, poeta e escritor. Membro das academias ALVAL e APLA (da qual é o atual presidente), pertence à UBE. Pesquisador e autor de vários livros, dentre eles o livro didático ‘História, Geografia e Literatura de Pedro II, Piauí”, no prelo. Escreve  aos sábados para a coluna de cultura do Portal P2  (Pedro II, Piauí).