Cultura Coluna do Ernâni
Torquato Neto: 80 Anos de Poesia
ERNÂNI GETIRANA (@ernanigetirana) é professor, poeta e escritor. É autor de inúmeros livros, dentre eles “Debaixo da Figueira do Meu Avô”. É membro da APLA, ALVAL, UBE-PI e do IHGPI.
09/11/2024 08h52 Atualizada há 5 dias
Por: Gustavo Mesquita

 

O Homem

Se vivo fosse, Torquato Pereira de Araújo Neto faria nesse nove de novembro, sábado, de 2024, exatos 80 anos de idade. Mas, como sabemos, ele se foi em 10 de novembro de 1972, no dia em que  completaria tão somente 28 anos de idade.

Desde então até os dias de hoje já se passaram 52 anos. O poeta pode ser encontrado nos livros onde pairam seus poemas, nos artigos de jornal que escreveu e que escreveram sobre ele, na voz de roqueiros, assim também como em cantigas de Bossa Nova e canções de protesto. Ainda em películas fílmicas.

Ah, sim, pode ser encontrado também em dezenas de trabalhos de conclusão de cursos (TCCs), dissertações e teses universitárias, assim também como nos livros que falam dele e de sua poesia.

Mas Torquato, além de poeta, foi também jornalista, diretor e ator de ‘cinema marginal’ e letrista de música brasileira.

Dentre outras canções, escreveu estas: A coisa mais linda que existe (com Gilberto Gil), A rua (com Gilberto Gil), Ai de mim, Copacabana (com Caetano Veloso), Andarandei (com Renato Piau), Cantiga (com Gilberto Gil), Capitão Lampião (com Caetano Veloso), Começar pelo recomeço (com Luiz Melodia), Daqui para lá, de lá para cá, Dente por dente (com Jards Macalé), Destino (com Jards Macalé), Deus vos salve a casa santa (com Caetano Veloso), Domingou (com Gilberto Gil), Fique sabendo (com João Bosco e Chico Enói), Geleia geral (com Gilberto Gil), Go back (com Sérgio Britto), Juliana (com Caetano Veloso), Let's play that (com Jards Macalé), Lost in the paradise (com Caetano Veloso), Louvação (com Gilberto Gil), Lua nova (com Edu Lobo), Mamãe coragem (com Caetano Veloso), Marginália II (com Gilberto Gil), Meu choro para você (com Gilberto Gil), Minha Senhora (com Gilberto Gil), Nenhuma dor (com Caetano Veloso), O bem, o mal (com Sérgio Britto), O homem que deve morrer (com Nonato Buzar), O nome do mistério (com Geraldo Azevedo), Para dizer adeus (com Edu Lobo), Quase adeus (com Nonato Buzar e Carlos Monteiro de Sousa), Que película (com Nonato Buzar), Que tal (com Luiz Melodia), Rancho da boa-vinda (com Gilberto Gil), Rancho da rosa encarnada (com Gilberto Gil e Geraldo Vandré), Todo dia é dia D (com Carlos Pinto), Três da madrugada (com Carlos Pinto), Tudo muito azul (com Roberto Menescal), Um dia desses eu me caso com você (com Paulo Diniz), Veleiro (com Edu Lobo), Vem menina (com Gilberto Gil), Venho de longe (com Gilberto Gil), Vento de maio (com Gilberto Gil), Zabelê (com Gilberto Gil).

Piauiense de Teresina foi fazer o ensino secundário em Salvador Bahia, aos 16 anos.  Em 1962 muda-se para o Rio de Janeiro. Daí a algum tempo se envolveu com outros jovens (Gil, Caetano, Capinan, Macalé, Wally Salomão, dentre outros) e desses encontros resultaria aquilo que ficou conhecido como Tropicalismo. Mais não digo. Quem quiser saber mais poderá pesquisar, há farta literatura a respeito.

 

O poeta

Um poeta da envergadura de um Torquato Neto não cabe em algumas linhas que venhamos a escrever sobre ele no dia de seu encantamento, nem em artigos enormes, nem em livros. Lê-lo é depararmo-nos com as infinitas miríades e filigranas de que sua possante poesia é a matriz randômica metamórfica.

TN é considerado já há algum tempo um dos poetas mais incisivos da Literatura Brasileira. Sua poesia possui uma radicalidade de linguagem que continua atualíssima. 

Não vou cansar meus leitores com dados sobre a vida e a obra torquateanas. Trago-vos um de seus poemas mais cortantes (mantivemos o trema no  ‘u’ de ‘tranqüilo). Obs: ‘Cogitar’ é um verbo latino que significa ‘pensar, refletir, intentar, etc’.

 

Cogito

 

eu sou como eu sou

pronome

pessoal intransferível

do homem que iniciei

na medida do impossível

eu sou como eu sou

agora

sem grandes segredos dantes

sem novos secretos dentes

nesta hora

eu sou como eu sou

presente

desferrolhado indecente

feito um pedaço de mim

eu sou como eu sou

vidente

e vivo tranqüilamente

todas as horas do fim

 

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(PS: Todas as fotos desse artigo foram retiradas da internet)

ERNÂNI GETIRANA (@ernanigetirana) é professor, poeta e escritor. É acadêmico da APLA e da ALVAL, membro do IHGPI e mentor do Coletivo P2. É autor, dentre outros livros, de “Debaixo da Figueira do Meu Avô”. Escreve aos sábados para a coluna de cultura do portal Portal P2.