Cultura Coluna do Ernâni
Café com poesia, mas pode chamar de café poético
ERNÂNI GETIRANA (@ernanigetirana) é professor, poeta e escritor. É autor de inúmeros livros, dentre eles “Debaixo da Figueira do Meu Avô”. É membro da APLA, ALVAL, UBE-PI e do IHGPI.
22/06/2024 10h15 Atualizada há 4 meses
Por: Ernani

 

Os saraus literários surgiram na Europa no século XVIII e se popularizaram na América Latina no século XIX. No Brasil, os saraus foram muito populares durante o período imperial, sendo frequentados por aristocratas, burgueses e intelectuais, como indicado no site ‘Educa Mais Brasil’. Os saraus literários são muito importantes porque permitem aos escritores já conhecidos lerem seus textos e aos novos, tornarem-se conhecidos.

Na cidade de Pedro II, entre as décadas de 1940-1960 costumava haver saraus lítero-musicais em casas de líderes políticos locais, sobretudo no sobrado do deputado Milton Brandão.

Mas então eles sumiram da paisagem de Pedro II. Contudo, nossa hipótese é de que a chegada da luz elétrica da barragem de Boa Esperança e com ela o sinal de TV aberta, em 1972 (TV Ceará canal 2, replicadora da TV Tupy do Rio de Janeiro), esses dois fatores interligados, mudaram radicalmente os hábitos noturnos das pessoas.

Ao invés de se reunirem à noite para ler poesia, tocar violão, ouvir estórias, agora as pessoas iam assistir à televisão (preto e branco): suas novelas, seus jornais, e a enxurrada de filmes produzidos pelo cinema norte americano. 

Claro que essa mudança brusca de hábitos não foi privilégio da cidade de Pedro II, mas um fenômeno nacional.

No início de 2009, a professora e poetisa Aldenira Martins promoveu um sarau em sua residência ao qual deu o nome de ‘Café com Poesia’. Diz ela que a ideia teria sido de um amigo, o professor Luiz Lucena, um pedro-segundense que reside em Brasília, DF.

Foram convidados para o sarau os professores e poetas Ernâni Getirana, Raimundo Silva e Pedro Barros, dentre outros convidados como Marcos José Pereira Marques, Getulivan Perfeito de Sousa, além da própria Aldenira e do seu colega Lucena.

Na sala de visitas de sua casa, Aldenira Martins havia confeccionado um mural onde se lia “Café com Poesia” com a simulação de um céu noturno por trás. O professor Lucena passou uma lista de presença em cujo cabeçalho constava a expressão “1º Encontro de Prosa e Poesia”.

O sarau daquela noite chuvosa, 19 de janeiro de 2009, uma segunda-feira, foi bastante participativo, os presentes recitaram seus próprios poemas, assim como foram lidos poemas de autores nacionais. Mais pessoas foram convidadas, mas a chuva não permitiu que comparecessem.

Cantou-se ao som de violão, bebeu-se vinho, tomou-se café com bolo e poesia, muita poesia. Posteriormente haveria outros saraus no mesmo formado do ‘Café com Poesia’, com um número maior de pessoas ainda na casa da professora Aldenira Martins, mas também no Espaço Toca das Lendas, do professor Ernâni Getirana, nas casas das professoras Socorro Almeida, Nena Barros, no chalé do acadêmico da APLA Wilson Brandão, na casa da professora Toinha Castro, professora Marlene Rodrigues, professora Dorinha, além de em vários colégios das redes pública e privada, bem como em praças públicas da cidade.

Pois nessa sexta-feira, 21 de junho, dia nacional das academias de letras e artes do Brasil (em comemoração à data de fundação da Academia Brasileira de Letras por Machado de Assis) a APLA – Academia Pedro-segundense de Letras e Artes comemorou o importante evento com o I SARAU POÉTICO.

O evento se deu na casa da professora Aldenira e contou com a presença de muitos/muitas acadêmico(a)s e convidado(a)s. Foi uma noite de muita alegria, bom papo, vinho, café, petiscos, música e poesia.

É, o poeta ferreira Gullar tem razão ao dizer que “a arte existe porque a vida não basta”.