Quinta, 21 de Novembro de 2024
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Cultura Coluna do Ernâni

O Horto Florestal de Pedro II, Piauí

ERNÂNI GETIRANA (@ernanigetirana) é professor, poeta e escritor. É autor de inúmeros livros, dentre eles “Debaixo da Figueira do Meu Avô”. É membro da APLA, ALVAL, UBE-PI e do IHGPI.

04/05/2024 às 13h03
Por: Gustavo Mesquita
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O Horto Florestal de Pedro II, Piauí

 

O Horto Florestal de Pedro II, de fato faz parte de uma série dessas entidades ambientais existentes em outros municípios do Estado do Piauí, como Piripiri e Piracuruca. O Horto Florestal de Pedro II (doravante notado HFPII) fica localizado na estrada que dá acesso à comunidade Buritizinho, no que é uma área de preservação ambiental, submetido legalmente à SPU/PI (Secretaria de Patrimônio da União, secção Piauí). Atualmente encontra-se abandono e sua sede em plena degradação física.

A SPU é o órgão que autoriza a ocupação dos imóveis públicos federais, estabelecendo diretrizes para alienação de imóveis, cessão onerosa ou gratuita dentre outras formas de destinação, objetivando a melhor gestão deste patrimônio.

Após o final da vigência do projeto da parceria tripartite, IBAMA, CEP (Centro Ecológico Pirapora, organização não governamental que funcionou em Pedro Ii na década de 1990, e Prefeitura Municipal de Pedro II, ali residiu uma família que, bem ou mal, cuidou das instalações do HFPII. Com a saída destes moradores até os dias de hoje, a situação física do espaço, como referido acima, apenas se agudizou.

Em 2009 uma reportagem de um órgão de imprensa estadual ([1]) já denunciava o descaso para com o horto. A tal reportagem, por exemplo, alegava que ‘algumas árvores como a imburana de cheiro estão com suas cascas retiradas e a ausência de animais como répteis, pássaros etc.” (21/09/2009).

Um dado interessante é a proximidade do Horto da comunidade Buritizinho, uma comunidade caracterizada pela presença de um dos quatro olhos d’água que circundam a sede do município e produz caldo de cana e derivados durante o período de moagem (meses de junho e julho).

 

O Centro Ecológico Pirapora

Basta uma busca rápida na internet e qualquer um poderá encontrar a seguinte menção:

“A empresa Fundacao Do Centro Ecologico Pirapora de CNPJ 00.059.266/0001-00, fundada em 28/04/1994, está com a situação cadastral INAPTA na Receita Federal. Essa empresa é uma MATRIZ do tipo Associação Privada, de porte “DEMAIS” que está localizada em Pedro Ii – PI. Sua atividade econômica principal é Atividades de associações de defesa de direitos sociais. Veja e consulte abaixo todos os demais detalhes deste CNPJ”.

 Desde sua fundação, o CEP se propôs a trabalhar em duas linhas de ação: uma teórica (palestras, seminários, roda de conversa) e uma prática (práticas de campo, intervenção ambiental urbana, agroecologia em comunidades interioranas).

Dessa forma, a proposta de ‘cuidar do Horto Florestal de Pedro II’ foi uma das maiores conquistas do CEP e funcionou a contento durante certo tempo. Pelo menos enquanto a parceria estado-prefeitura-CEP vigiu.

A rearborização das ruas da cidade de Pedro II (que perdera essa característica no final da década de 1970, quando até mesmo a principal árvore da cidade – o Tamboril do Mercado – foi sacrificada em 1972), foi uma das metas alcançadas pelo CEP e que ainda hoje tem repercussão. A coletividade Pedro-segundense assimilou a prática de arborizar a frente de suas casas.

Infelizmente, o Horto Florestal de Pedro II, após a gestão do CEP ficou e continua em total estado de abandono. A cerca de contenção feita de arame farpado encontra-se danifica em vários pontos do seu perímetro, o que acarreta a invasão por animais, sobretudo porcos, assim como está entregue ao vandalismo. Além disso, a especulação imobiliária que assola a cidade de Pedro II (sobre a qual escrevemos em outro lugar), sobretudo, após a criação do Festival de Inverno, já chegou às imediações do mesmo, pondo em perigo, inclusive, a integridade das terras do horto.

Gestores municipais que assumiram a prefeitura de Pedro II algumas vezes se manifestaram favoravelmente à preservação e conservação, assim como à ativação do horto para o cumprimento de suas finalidades precípuas.

O papel de um Horto Florestal, como é sabido, é o de congregar elementos que possam compor o cabedal de informações as mais fidedignas possíveis e a partir disso, alimentar o implemento das políticas públicas ambientais. Uma vez que “Os conhecimentos são construídos pelas interações contínuas realizadas pelo cidadão individualmente e validadas por todos os cidadãos coletivamente. Assim, os conceitos, s ideias, as leis, as teorias, os fatos, as pessoas, a história, o espaço geográfico, as manifestações artísticas, os meios de comunicação, a ética, a política, os governos e os valores – traduzidos nos conteúdos formais das Ciências, das Artes e da Filosofia – constituem-se em um conjunto de condições essenciais à construção do conhecimento” (BRASIL, Relatório Pedagógico 2003, p. 29)

 

CONCLUSÃO

Diante do volume de complexificação da questão ambiental no geral, e nesta, da questão ambiental urbana, o papel dos organismos sociais capazes de lidar com esse desafio e de apontar para possíveis soluções a médio e longo prazos, o papel desempenhado pelos Hortos Florestais ganha importância e proeminência. Dessa forma, o resgate, o cuidado, o usufruto por parte da sociedade em congruência com órgãos do poder público deve ter a agilidade e real atuação na medida mesma da resolução dessa problemática ambiental. É nesse contexto que a reativação imediata do Horto Florestal do Município de Pedro II, Piauí, se faz necessária.

 

(1) https://www.meionorte.com/pi/cidades/pedro-ii/horto-florestal-esta-sendo-agredido-ambientalmente-100734

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Cultura com Profº Ernâni Getirana
Cultura com Profº Ernâni Getirana
Sobre Ernâni Getirana, professor, lecionou na UESPI e Faculdade Santo Agostinho, aposentado na Rede Estadual de Educação, Ecoescola Thomas a Kemps. Ainda na ativa na Rede Municipal de Educação de Pedro II. Formado em Letras pela UFPI, graduado em Meio Ambiente pela UnB, graduado em Educação pela UFRJ, mestre em Políticas Públicas pela UFPI. Membro das academias: Vale do Longá e Pedrossegundense de Letras e Artes. É poeta e escritor, autor de vários livros, dentre eles “Lendas da Cidade de Pedro II”.
Atualizado às 21h00 - Fonte: ClimaTempo
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