Parece voz geral que a poesia perdeu vertiginosamente espaço nas páginas dos jornais. Em oposição a essa constatação, tem crescido o número de revistas e blogs de poesia. Duas observações que precisam ser levadas em conta. O resto, bem, o resto é poesia manifestada nos poemas.
PS. “O poema é essa entidade estranha, que comunica um conteúdo incerto de maneira muito precisa” (Caetano Galindo).
Roubam a cena que há pouco
Roubava o olhar
Da menina no casamento da repousa
A menina tece a varanda
E a trama dos bilros
Nos toc-toc secos e macios
Música para meus olhos.
Acaricia, ainda que por instantes,
O tecido da vida.
Fora da rede
Nenhuma preguiça vale
Fora do olhar
Nenhuma imagem bate
Fora da vida
Nenhuma palavra lavra
As coisas e os processos deixam de ser
(Ernâni Getirana)
Este poema é frágil
Ele se derrete todo
No meio de teus lábios vermelhos
(Gerciane Lima)
Só quero uma coisa:
“Sempre livre”
Para absorver o sangue
Que escorre entre
As tuas palavras
E na folha branca
Se possa compreender
Que o meu poema...
É encarnado
E que nesse ciclo
A poesia seja sempre fértil.
(Pedro Barros)
Sirva-me mais uma taça, por favor,
Senão a vida passa
E eu não sonho esse amor
(Marina Campelo)